Solidões Fuliginosas


Milhões de pessoas ao redor, e mesmo assim nos sentimos tão solitários...

Não bastasse a megalópole insana, opressora por si só, fatos insólitos assombram a vida desses infortunados a fluir pelas ruas da cidade, como sangue sujo jorrando por veias arruinadas.

As histórias de Solidões Fuliginosas têm como cenário uma grande cidade qualquer, cujo nome não faz diferença, afinal as mazelas e incertezas desse tipo de organismo vivo são universais. Trazem uma pitada de realismo fantástico, mas são fortemente calcadas na solidão humana e em como ela alimenta os pequenos grãos de areia do deserto urbano decadente.

Este projeto é digital e a distribuição é feita pela Amazon e pela SmashWords.


"Quando ninguém estava olhando e um copo repentinamente pulava da mesa, um vaso se espatifava contra a parede ou roupas eram arrancadas dos cabides e rasgadas, minhas explicações eram recebidas com ceticismo e palmadas, cada vez mais intensos e inclementes. Muitos diziam que eu estava me tornando um grande mentiroso, o que era uma coisa muito feia para uma criança. Entristecido por esse tipo de tratamento, ficava imaginando por que meus amigos invisíveis me deixavam em situações tão delicadas e depois iam embora."
"Era impossível alguém ter sobrevivido a uma queda como aquela. Apesar disso, lá estava a figura acidentada se levantando do asfalto, desembaraçando-se de um grande trapo sujo e amarrotado, que eu desconfiava ser um macacão de mecânico.
A pessoa se aproximou de mim. Era uma mulher! Estava nua, ilesa... E tinha o sorriso mais lindo que eu já vira na vida..."
Nunca consegui enxergar as feições das pessoas. Para mim todos os rostos são véus indistintos, máscaras lisas e estéreis. Por causa desse dom bizarro, que médico nenhum conseguiu explicar a causa, acabo me concentrando mais em objetos pessoais do que em características humanas para identificar os indivíduos à minha volta.

0 comentários:

Postar um comentário